Escrito por Mirian Ribeiro
Você gosta de experimentar sabores numa viagem? Então leia este post sobre a Rota Gastronômica Vale do Paraíba e Mantiqueira, escrito pela minha amiga jornalista Mirian Ribeiro, que participou no mês passado de uma press trip e quis compartilhar aqui sua experiência.
Rota Gastronômica – a experiência da Mirian
Bela pela própria natureza, a Serra da Mantiqueira é também destino para os apaixonados pela comida saborosa, afetiva, que fica na memória com gosto de quero mais. E eu, integrando uma press trip, tive o privilégio de experimentar delícias produzidas em algumas das 15 paradas da Rota Gastronômica Vale do Paraíba e Mantiqueira, criada pelo programa Sabor de SP. Vou contar para vocês um pouco desta experiência que alimentou meu corpo e minha alma. E (pasmem!) não engordei!
O Sabor de SP é uma iniciativa da Secretaria de Turismo e Viagens (Setur), em parceria com o Senac e o Mundo Mesa, que definiram 10 rotas para apresentar a diversidade da culinária paulista. Cada rota tem vários pontos de parada por pequenos produtos, restaurantes típicos e outros destinos que incorporam a cultura, a história e a autenticidade de cada região.
Uma montanha de sabores irresistíveis
A cadeia montanhosa da Mantiqueira se estende pelos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com deslumbrantes cenários naturais desenhados por montanhas, rios e cachoeiras. A principal cidade é Campos de Jordão, destino turístico badalado a 173km da capital.
Além de Campos, a rota gastronômica passa por São Francisco Xavier, São Bento do Sapucaí, Santo Antonio do Pinhal e contempla municípios da Região Turística da Fé, como Pindamonhangaba, onde nasceu Frei Galvão. Certamente, a culinária leva o gosto da comida caipira com toques de sofisticação e ingredientes encontrados naquelas terras, como o tomate de árvore, o pinhão, plantas alimentícias não-convencionais (PANCs), juá-de-capote, capim santo…. Ao mesmo tempo, a truta e a carne de porco também são muito consumidas.
Kallas da Serra – Cunha
É provável que você nunca tenha experimentado, mas o porco na lata, uma antiga receita de tropeiros, é um dos sucessos da cozinha da Kallas da Serra. Este delicioso restaurante da Rota Gastronômica, serve comida caipira na estrada real entre Cunha e Paraty. Foi nossa primeira parada e foi surpreendente. “Tia Lalá nunca foi em Minas e fazia comida semelhante à mineira”, conta Célia Regina Gonzaga Novaes. Ela herdou as receitas de família e se aventurou por novas, como o vinho de framboesa (criação do marido José Paulino) e suco de lavanda. E basta olhar o cardápio, com alimentos sem conservante, sem corante, com verduras da horta para se encantar. De fato, tudo é uma delícia: experimente o frango à moda caipira, torresmo mix, batata caipira (cozida, empanada no fubá e frita na banha de porco), bolinho de porco na lata, vaca na lata, geleias várias.
Bananinha Paraibuna
De Cunha fomos visitar a fábrica da famosa bananinha Paraibuna, na cidade do mesmo nome. A fábrica é uma extensão da casa onde vivia o patriarca Célio Geraldo, que começou a produzir o doce na década de 70. Ainda hoje é um alimento completamente natural, sem qualquer aditivo ou conservante, mas a linha foi diversificada. Além das tradicionais (com ou sem açúcar), há opções com castanhas, chocolate, amendoim, cacau em pó e até outros produtos como as paçoquinhas. Pudemos experimentar todos!!!
Restaurante Artesão
Para encerrar o dia, o jantar foi no Restaurante Artesão, em São Francisco Xavier. Ali, o cardápio é criação do chef Lucas Gonçalves da Silva, um nativo da Serra da Mantiqueira. Só para ilustrar, experimentei deliciosas cestinhas de truta defumada, tartar de porco, torresminho, bolinho caipira com massa de farinha de milho e recheio de carne moída, além de variados sabores de pizza.
Estância Silvania, Caçapava
Começamos o segundo dia da nossa jornada gastronômica em uma das queijarias mais premiadas do país: a Silvania, instalada na Serra do Palmital, a 8 km do centro de Caçapava. Na fazenda são criadas 200
cabeças de gado da raça de origem indiana Gir leiteiro que se espalham em 60 hectares de terra, com nascentes de água e lagos.
Conforme explicaram, a fazenda tem produção 30 quilos/dia, com 14 tipos de queijos encontrados em empórios e sob encomenda. E certamente um dos mais inusitados é o Taiada, bronze no Mondial na França, que usa a Iça na receita, a rainha do formigueiro, proporcionando uma sensação crocante. Morador ilustre da fazenda, o Teatro foi o primeiro clone da raça Gir no mundo. Em 12 anos de vida já foram coletadas e comercializadas 50 mil doses de sêmen – 20 mil só para a Índia.
Cervejaria D?lema
Deixando os bois pra trás, fomos visitar a Cervejaria D?lema, em Tremembé. Criada pelos amigos Vitor de Toledo e Conrado Leite, o foco da D?lema são IPAs (India Pale Ale, cerveja desenvolvida na Inglaterra para abastecer a colônia na Índia). Conforme os donos, 80% do portfólio da cervejaria são de variações deste estilo. A produção está em 5 mil litros por mês. Trabalham entre 8 e 10 rótulos envasados em lata e com uma sazonalidade.
Se você gosta da Serra da Mantiqueira, não deixe de ler o post Campos do Jordão: o que fazer no Verão.
Restaurante Dona Chica na Horta
Neste dia o almoço foi no restaurante Dona Chica na Horta, que fica no bairro dos Mellos, que, segundo o chefe Anderson Oliveira, é a ultima área rural de Campos de Jordão. O espaço é uma ampla área florida com horta, playground, lago e espaço de relaxamento. Um escândalo de gostosuras e um show de gentileza do Anderson. Afinal, ele capricha no cardápio baseado 80% em insumos locais: ceviche de truta, mix de bolinhos da casa, sorvete de capim santo, paella da montanha (com truta, arroz Piagui, pinhão) … Se for lá, não deixe de experimentar o cupim assado em baixa temperatura ao molho de pinhão e acompanhado de creme de mandioca. Derrete na boca. E pode levar também seu pet, pois há um
“cãodapio” especial para ele. Depois de tanta comilança, a visita a Gelateria Eisland teve que ser adiada.
Compreensível!
Azeite Extravirgem Rossini
Na primeira parada do dia recebemos uma generosa aula sobre azeites e a simpatia do anfitrião Luiz Augusto Rossini. O produtor do delicioso azeite de Santo Antônio do Pinhal cultiva 2 mil oliveiras, cujos frutos são colhidos manualmente. E dessa forma, toda a produção tem especial cuidado no manuseio, moagem, armazenamento para não interferir na qualidade do produto.
Azeite Sabiá da Mantiqueira
Ainda com o gosto do Rossini na boca, fomos conhecer a Fazenda Sabiá, também em Santo Antônio do Pinhal. Sem dúvida, foi a oportunidade para experimentar um dos azeites mais premiados do país e com vários títulos internacionais. A Sabiá mantém em sua propriedade uma oliveira centenária, de mais de 300 anos, trazida de Montevidéu, Uruguai. A oliveira é uma árvore sagrada, que simboliza paz, resiliência, sabedoria.
Quinta dos Cogumelos
A próxima parada da Rota Gastronômica é a Quinta dos Cogumelos, no alto de um morro em São Bento do Sapucaí. Imaginava uma plantação a céu aberto. Mas surpreendentemente vi que o processo é trabalhoso, demorado e complexo, com estufas e salas climatizadas para a produção de cogumelos. Além de shitake, shimeji e juba de leão, há produtos desidratados, congelados, bem como kits para risotos, sais de cogumelo, pós temperados, entre outros.
Comedoria Literária
Um lugar encantador, passaria horas lá com toda a certeza. Foi tudo que consegui pensar ao conhecer a Comedoria Literária, instalada em um casarão de 1832 ao lado da igreja matriz em São Bento do Sapucaí. A casa é comandada pela gestora cultural e professora Vanderlea Barboza, uma apaixonada por literatura, que criou um restaurante para a gente ficar bastante tempo. Sobretudo porque a casa funciona como espaço cultural, café e restaurante, com comidinhas da culinária caipira que aguçam a memória afetiva dos que vão lá saborear. No cardápio, bolinho caipira, curau recheado com queijo, creme de grão de bico e pesto de manjericão e outras delícias preparadas com afeto de vó.
Caras de Malte Cervejaria
Agora a parada é cerveja artesanal e, para quem aprecia, a Caras de Malte é o lugar certo. Experimentei e garanto: a cerveja realmente é de excelente qualidade, assim como a deliciosa gastronomia. Damesdma forma, achei divertida a narrativa interplanetária que domina o amplo e bonito espaço. Os setes sócios desenvolveram receitas das principais escolas cervejeiras, alemã, inglesa e americana e foram trabalhando as suas variações e sazonalidades com produtos regionais.
Cervejaria Campos do Jordão
Por fim, fechamos a noite no Play Pub da Cervejaria Campos do Jordão, no centro da cidade, onde pudemos experimentar a tábua dos 7 rótulos produzidos. Também há tábua de coquetéis com gim e deliciosas comidinhas de acompanhamento. A marca está presente no Parque da Cerveja Campos de Jordão, que fica entre as montanhas mais altas da Serra da Mantiqueira e tem mirante com chão envidraçado, oferecendo uma vista espetacular. Mas neste dia não deu para conhecer porque já estava anoitecendo.
Eisland Gelatos da Fazenda
Finalmente, fomos conhecer o famoso Eisland Gelatos, cuja fábrica está instalada ao lado da fazenda onde vivem as vacas da raça Jersey. Elas que fornecem o leite usado na composição do sorvete, em Santo Antonio do Pinhal. Esta raça produz um alimento com mais cálcio, mais proteína e mais gordura. O preferido do público é o doce de leite com macadâmia, mas fica difícil dizer qual o melhor entre banoffe, pistache, mascarpone com jabuticaba, torta de laranja, chocolate belga …
Pousada e Restaurante 7 Nascentes
E por fim, encerramos nosso delicioso tour pela rota gastronômica na Pousada e Restaurante 7 Nascentes. O lugar é acolhedor e fica no alto de uma montanha, a mais de mil metros de altitude, no bairro de Gomeral, em Pindamonhangaba. A estrada apresenta alguns desafios, mas a viagem é recompensada pela excepcional
paisagem e pela receptividade dos proprietários José Arteiro e Silvia. Além disso, o melhor mesmo são os pratos deliciosos à base de trutas frescas, carne de porco, frango caipira, bolinho de chuva, geleias de jabuticaba e de amora colhidas na horta, entre outras gulodices.
Rota Gastronômica do programa Sabor de SP
O tour da Rota Gastronômica foi realizado pela jornalista Mirian Ribeiro, que gentilmente escreveu este post e cedeu suas fotos para o blog. Se você gostou e quer saber mais sobre as paradas desta rota e do programa Sabor SP, siga nas redes sociais @saopauloturismo @turismoestadosp @prazeresdaMesa .
Respostas de 3
Nooooossa!!! Que Rota Gastronômica incrível!! Estou com uma vontade de experimentar todas essas delícias……
Que legal, um roteiro maravilhoso, fiquei com água na boca pelas comidinhas e bebidinhas. Parabéns, amei o post!
Uma delícia de roteiro, Gisele. Vale a pena. Bjs